21.9.09

Cartas à um amigo II

Manhã chuvosa, de uma sexta feira cinzenta, e Bárbara luta contra o toque do
celular enrolada nos cobertores. Chulico, seu gato, tenta miar o mais alto
que seu corpinho mínimo permite, para que a dona levante e encha seu
recipiente de comida fresquinha, mas nada parece surtir efeito.
De repente, ela abre os olhos. Assustada, de um sonho estranho que estava
tendo, onde todas as pessoas ao invés de falarem, quando abriam a boca,
emanavam sons de toques de celular. 6:52 am. Ela está atrasada. Levanta em
um pulo e em menos de 15 minutos consegue tomar um banho ridiculamente
rápido, e esta pronta para sair. Se lembra de pegar alguma coisa para comer.
Desta vez, tinha Club Social de Presunto em cima da mesa. Incrivelmente ela
se lembra também de pegar o guarda chuva, que odeia carregar e vive
esquecendo por aí.
Consegue chegar para pegar o trólebus das 7:25am na Estação. Consegue ir
sentada. "Nossa um milagre!" pensa ela. Mas ainda está pensando devagar
demais, considerando que está acordada há menos de meia hora. Como uma
canção de ninar o ruído dos fios elétricos da tensão dos trólebus que chegam
e partem fazem com que ela imediatamente adormeça, antes mesmo do veículo em
que está entrar em movimento. Não pensa em nada, sonha com o vazio, e de
repente, sente sua cabeça ser jogada para frente. Acorda. As pessoas dentro
da condução parecem revoltadas. Ao abrir os olhos devagar e se adaptar à luz
e ao barulho dos transeuntes falando, percebe que o trólebus está parado.
Bom, deve ser um farol, pensa ela. E volta a fechar os olhos. Assim que sua
cabeça se acomoda e ela começa a soltar os músculos mais uma vez, o alvoroço
ao seu redor começa a aumentar, e ela abre só o cantinho do olho e descobre:
A rede elétrica caiu, e todos os trólebus pararam. "Hm, hoje é meu dia de
sorte. Vou poder dormir bastante enquanto essa merda não volta a funcionar,
e ainda tenho uma ótima desculpa para chegar atrasada no trabalho.
Perfeito!", tece ela em seu emaranhado de pensamentos desordenados e
aleatórios devido ao sono excessivo.

E foi assim que eu cheguei no trabalho hoje!

Um comentário:

Lucano disse...

gostei das imagens distorcidas e extreamente fiéis ao caos de uma mente sonolenta! muito bom! continue escrevendo!